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O Instituto Antonio Henrique Amaral é uma entidade privada de interesse público e sem fins lucrativos que tem como missão salvaguardar e difundir o legado do artista de quem herda o nome e o acervo de obras e documentos.
Criado alguns anos após o falecimento do artista, a intenção do Instituto é proporcionar, por meio da pesquisa, catalogação e conservação, o reencontro da obra completa de Antonio Henrique Amaral, e do percurso de sua vida, com os públicos do Brasil e do mundo.
Sua produção, composta principalmente por desenhos, gravuras e pinturas, é resultado de um processo de investigação constante sobre materiais, técnicas, formas, volumes e cores, além da busca intensa pela convergência entre aspectos como o figurativo e o abstrato, o formal e o informal, solidez e fluidez, solenidade e humor, luzes e sombras, conduzindo a composições de efeitos sinestésicos e anímicos que possuem camadas de significação diversas. Deixou, portanto, contribuições inestimáveis para o contexto artístico não apenas do Brasil como também, por extensão, da América Latina. Irredutível a classificações, tal produção estabelece diálogos com a história da arte dos mais variados lugares e períodos.
Amaral formou-se em meio ao experimentalismo do período pós-Segunda Guerra Mundial no Brasil, assimilando aspectos da abstração concreta e informal. Destacou-se como gravurista e ganhou relevância no âmbito da nova figuração de caráter crítico da década de 1960. Dedicou-se com afinco à pintura realista e alegórica e estabeleceu diálogos por toda a América Latina, nos Estados Unidos e em diversos pontos da Europa. Debateu identidades nacionais e continentais, assumiu posições políticas e, também, buscou formas de se desvencilhar do uso restritivo de categorias como a de arte política e a de artista brasileiro ou latino-americano. Manteve-se, portanto, comprometido com a reinvenção de si e de sua obra até o final da vida.
Antonio Henrique Amaral (São Paulo, 1935-2015) iniciou sua formação artística em meados da década de 1950, estudando desenho com Roberto Sambonet na Escola do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e, em seguida, gravura com Lívio Abramo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Realizou sua primeira individual, composta por gravuras, no MAM-SP em 1958, e expôs no mesmo ano também no Chile.
Convidado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para exibir suas obras na Pan American Union (Washington, D.C., EUA) em 1959, conseguiu na época uma bolsa da Ingram Merrill Foundation para o Pratt Graphic Art Center (Nova York, NY, EUA), onde estudou gravura com Shiko Munakata e Walter Rogalski. Foi na prática em gravura orientada por Abramo e Munakata que o artista adquiriu a disciplina necessária para lidar com diferentes materiais e técnicas.
Como resposta ao golpe militar ocorrido no Brasil em 1964, Amaral passou a desenvolver uma obra de cunho explicitamente político e teor satírico, incluindo elementos da cultura popular e de massas, no que se destaca seu álbum de xilogravuras O meu e o seu (1967), então apresentado no Mirante das Artes (São Paulo), galeria em que era sócio Pietro Maria Bardi. O período também marcou o início de seu trabalho em pintura, tendo realizado entre 1968 e 1975 sua emblemática sequência de telas que problematizam o motivo da banana como símbolo nacional. No Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro de 1971, recebeu o prêmio de Viagem ao Exterior e seguiu para Nova York, de onde retornou em 1981. Outro destaque de sua trajetória é o painel São Paulo – Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento (1989), instalado no saguão principal do Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado de São Paulo, resultado de sua premiação em concurso.
No decorrer de mais de seis décadas de trajetória artística, Amaral apresentou seu trabalho em diversas individuais e coletivas tanto no Brasil quanto em países da América Latina, América do Norte, Europa e Ásia. Suas obras integram diversas coleções públicas importantes no país e no exterior, como: Art Museum of the Americas (AMA), Washington, D.C., EUA; Casa de Las Américas, Havana, Cuba; Instituto de Arte Latinoamericano (IAL), Santiago, Chile; Latin American Art Collection, Essex University, Essex, Inglaterra; Metropolitan Museum of Art (The MET), Nova York, NY, EUA; Museo de Arte Americano de Maldonado (MAAM), Maldonado, Uruguai; Museo de Arte Moderno de México (MAMM), Cidade do México, México; Museo de Arte Moderno de Bogotá (MAMBO), Bogotá, Colômbia; Museo Nacional de Arte (MNA), La Paz, Bolívia; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Rio de Janeiro, e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo.
Seu trabalho foi extensamente discutido pela crítica brasileira e internacional, contando com comentários de Aracy Amaral, Jacqueline Barnitz, Damián Bayón, Sheila Leirner, Geraldo Ferraz, Vilém Flusser, Benjamin Forgey, Shifra Goldman, Ferreira Gullar, Casimiro Xavier de Mendonça, Maria Alice Milliet, Frederico Morais, Roberto Pontual, Bélgica Rodríguez e Edward J. Sullivan.
É pela manutenção e difusão da memória dessa trajetória de vida tão relevante no contexto artístico que o Instituto Antonio Henrique Amaral tem a função de zelar, realizando procedimentos de preservação tanto das obras quanto do vasto material de documentação deixado pelo artista, que contém cadernos, diários, agendas, correspondências, livros, fotografias e cromos.
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The Antonio Henrique Amaral Institute, a private, non-profit, public interest entity, holds as its mission to protect and promote the legacy of the artist who it was named after, undertaking to conserve his works and documents.
Founded a few years after the artist passed away, the Institute is fully committed to researching, cataloging, and preserving the artist's heritage, aiming to connect his life journey and complete works to audiences both in Brazil and worldwide.
Amaral's production consists mainly of drawings, prints , and paintings, and stems from his never-ending study of different materials, techniques, forms, volumes, and colors. His intense search for converging aspects such as the figurative and the abstract, or formal and informal, solid and fluid, solemn and humorous, light and shade, led to compositions brimming with synesthetic and soulful effects that bear layers of diverse meanings. He, therefore, left invaluable contributions not only to the Brazilian artistic context but also to that of Latin America. His is a production irreducible to classifications, which powerfully dialogues with art history from the most varied places and periods.
Amaral came of age amidst the post-World War II experimentalism in Brazil, absorbing aspects of both the concrete art and the informal abstract art movements. Notorious for his etchings, he came to the fore amidst the emerging, critical figurative art movement in the 1960s. He doggedly dedicated himself to realistic and allegoric painting, establishing dialogues all over Latin America as well as in the United States and many countries in Europe. Not only did Amaral put national and continental identities under debate, but he also assumed political stances in an attempt of getting rid of the straitjacket of categories such as "political art" or "Brazilian or Latin American artist". To the end of his days, he kept a commitment to reinventing himself and his art.
Antonio Henrique Amaral (São Paulo, 1935-2015) began his art studies in the mid-1950s, taking drawing classes with Roberto Sambonet at the art school of Museu de Arte de São Paulo (MASP) and then etching with Lívio Abramo at Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). His first solo exhibition, at MAM-SP, consisted of etchings. Later that year he also exhibited in Chile.
In 1959 he was invited by the Organization of American States (OAS) to exhibit his work at the Pan American Union (Washington, D.C., EUA). At around the same time, he received a grant from the Ingram Merrill Foundation to study at the Pratt Graphic Art Center (Nova York, NY, EUA), where he had etching classes with Shiko Munakata and Walter Rogalski. It was due to his apprenticeship with Abramo and Munakata that Amaral acquired the necessary discipline to deal with different materials and techniques.
As a response to the 1964 military coup in Brazil, Amaral began developing works with explicit political and satirical tenors, which included both traditional and mass culture elements. His woodcuts album O meu e o seu ("Mine and Yours", 1967), one of the highlights of the period, was exhibited at Mirante das Artes (São Paulo), a gallery that had Pietro Maria Bardi as one of its owners. It was also then that he began to paint, and his famous sequence of paintings done from 1968 to 1975 putting into question the banana as a national symbol dates from that time. At the 1971 Rio de Janeiro Modern Art Exhibition, he received the Travel Abroad award and went to New York – he was only to return to Brazil in 1981. Also noteworthy is the 1989 panel São Paulo – Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento ("São Paulo – Brazil: Creation, Expansion, and Development"), which was installed in the main lounge of Palácio dos Bandeirantes, the seat of São Paulo's government, due to its being awarded a prize in a competition.
In more than six decades of artistic practice, Amaral exhibited his works in several solo and group exhibitions not only in Brazil but also in Latin America, North America, Europe, and Asia. His works have been included in various celebrated Brazilian and foreign public collections, such as: Art Museum of the Americas (AMA), Washington, D.C., USA; Casa de Las Américas, Havana, Cuba; Instituto de Arte Latinoamericano (IAL), Santiago, Chile; Latin American Art Collection, Essex University, Essex, England; Metropolitan Museum of Art (The MET), New York, NY, USA; Museo de Arte Americano de Maldonado (MAAM), Maldonado, Uruguay; Museo de Arte Moderno de México (MAMM), Mexico City, Mexico; Museo de Arte Moderno de Bogotá (MAMBO), Bogota, Colombia; Museo Nacional de Arte (MNA), La Paz, Bolivia; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Rio de Janeiro; and Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo.
His work has been discussed extensively by both Brazilian and foreign criticism; its commentators include Aracy Amaral, Jacqueline Barnitz, Damián Bayón, Sheila Leirner, Geraldo Ferraz, Vilém Flusser, Benjamin Forgey, Shifra Goldman, Ferreira Gullar, Casimiro Xavier de Mendonça, Maria Alice Milliet, Frederico Morais, Roberto Pontual, Bélgica Rodríguez, and Edward J. Sullivan.
Through preserving and promoting the memory of such a relevant life trajectory for the artistic context, the Antonio Henrique Amaral Institute cares for the artist's collection, carrying out conservation procedures for both his artworks and his vast archive of personal documents – including notebooks, journals, organizers, correspondence, books, photos, and chromolithographs.